A tarde sorria quente e amarela.
Todos nós, como sempre.
Reunidos e animados, sempre.
As pernas prontas para correr.
Eu e meus amigos na pelada de nossa rua turca.
Não sabíamos que era nossa última pelada.
Jogamos felizes, velozes e zangados...
Como sempre.
Despedimos nossa tristeza brincando, como nunca.
Pois nunca mais estaríamos ali.
Uma tarde de dia qualquer assistiu à última intensa pelada da minha turma em nossa rua.
A vida não avisa a vida...
Pelo menos ninguém chorou, pois não sabíamos.
Não sabíamos o que a vida nos preparava naquele dia de fim.
E a bola não mais bateu o muro tilintando.
Os carros, nossos piores adversários, não atrapalharam mais os lances.
Pare bola! Não mais se gritou...
Eu nunca havia pensado que chegaria o último dia em que a rua seria um Mineirão.
Mesmo estando lá a rua, nós não estaremos.
E nós todos moleques finados em homens.
Sim, teve mesmo um dia que sobraria apenas na memória nossos gols.
Como um vídeo envelhecido da copa de 70.
Num dia que ninguém sabe quando foi.
A vida não esquece a vida...
JFCNeto
3 comentários:
Que orgulho sinto em ter vivido e participado deste acontecimento. Não sei quando começou a primeira pelada... Mas com certeza na última estive presente...
Olha não participei dessa pelada específicamente, mas no meu bairro q é vizinho sim, na rua Raimundo correia, e lhes digo q é exatamente dessa forma, parabéns aí ao escritor.
Quanta saudades meu amigo! Aquelas tabelas com meio fio, tampão do dedo arrancado etc etc.
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